Bolsonaro pede cessar-fogo imediato na guerra da Ucrânia
O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu nesta terça-feira (20), durante discurso na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), um “cessar-fogo imediato” na guerra entre Rússia e Ucrânia, no leste europeu.
Durante pronunciamento na abertura do evento em Nova York, nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que a solução para o conflito, que já dura quase sete meses, será alcançada somente com “negociação” e “diálogo”. E acrescentou que o Brasil é contra o “isolamento” diplomático e econômico dos envolvidos, que foi pedido pelo governo ucraniano e defendido por outras nações.
“Diante do conflito em si, o Brasil tem se pautado pelos princípios do direito internacional e da Carta da ONU. Princípios que estão consagrados também na nossa Constituição. Defendemos um cessar-fogo imediato, a proteção de civis e não-combatentes, a preservação da infraestrutura crítica para assistência à população e a manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito”, declarou Bolsonaro nesta terça.
No discurso Bolsonaro também disse que o Brasil tem tentado “evitar o bloqueio dos canais de diálogo” entre os envolvidos na guerra.
“É nesse sentido que somos contra o isolamento diplomático e econômico. As consequências do conflito já se fazem sentir nos preços mundiais de alimentos, de combustíveis e de outros insumos. Estes impactos nos colocam a todos na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Países que se apresentavam como líderes da economia de baixo carbono agora passaram a usar fontes sujas de energia. Isso configura um grave retrocesso para o meio ambiente”, afirmou.
O presidente, que disse defender uma solução “duradoura e sustentável” para a guerra, declarou ainda avaliar que a solução só será alcançada se houver diálogo entre os envolvidos.
“Faço um apelo às partes, bem como a toda a comunidade internacional: não deixem escapar nenhuma oportunidade para pôr fim ao conflito e garantir a paz. A estabilidade, a segurança e a prosperidade da humanidade correm sério risco se o conflito continuar”, completou.
Ao todo, líderes mundiais de 193 países devem se reunir na Assembleia-Geral, incluindo o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, autorizado pelo plenário a participar remotamente em razão da guerra na região.
Neutralidade
Em fevereiro deste ano, poucos dias antes do início do conflito no leste europeu, Bolsonaro esteve na Rússia e se reuniu com o presidente daquele país, Vladimir Putin.
Dias depois, em meio à pressão internacional para condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, Bolsonaro disse que o Brasil adotaria um posicionamento neutro em relação ao conflito.
A justificativa de Bolsonaro para a neutralidade foi não “trazer as consequências do embate para o país”. De acordo com o presidente, o agronegócio brasileiro é dependente do fertilizante russo.
Bolsonaro foi criticado tanto pelo encontro com Putin no momento de tensão antes da guerra como pela recusa em atender aos apelos internacionais pela condenação da invasão.
Cerca de 6 mil civis já morreram no conflito, que também matou milhares de soldados russos e ucranianos.
Tom eleitoral
A fala de Bolsonaro durou 20 minutos e o trecho sobre a guerra da Ucrânia foi um dos poucos que escapou do tom predominantemente eleitoral no discurso do presidente, que tenta a reeleição ao Palácio do Planalto.
Em vários momentos, Bolsonaro abordou temas de campanha, fazendo um balanço das ações de seu governo, atacou as gestões petistas e defendeu a pauta conservadora.
Por Redação