Autoridades russas começam a fugir da Crimeia; Ucrânia pede mais armas e cobra Alemanha

Autoridades militares e oficiais de inteligência da Rússia começaram a retirar suas famílias da Crimeia, região ocupada pela Rússia no sul da Ucrânia desde 2014, em meio à contraofensiva ucraniana que vem retomando territórios ocupados por Moscou, informou o setor de inteligência ucraniano. Em meio ao sucesso de sua operação de retomada de cidades importantes, como Kharkiv, Kiev faz um novo apelo por entregas mais rápidas de armas ocidentais e cobra a Alemanha por suas promessas de armamentos pesados.

Segundo um relatório publicado pela direção de Inteligência do Ministério de Defesa da Ucrânia, autoridades russas presentes na Crimeia começaram a “realocar urgentemente suas famílias para o território da Federação Russa”. “Comandantes de algumas unidades militares estão tentando secretamente vender suas casas e retirar com urgência seus parentes da península.”

E acrescenta: “Ao mesmo tempo, os ocupantes proibiram a celebração de acordos de compra e venda de moradias, estabeleceram restrições à circulação pela ponte da Crimeia e estão tentando de todas as formas impedir o acesso a informações sobre as ações contraofensivas dos defensores da Ucrânia”. As informações, no entanto, não puderam ser checadas de forma independente.

As tropas ucranianas buscam cada vez mais forçar retiradas das forças russas nesta terça, pressionando com uma contraofensiva que produziu grandes ganhos e um golpe para o prestígio militar de Moscou. À medida que o avanço continuava, os serviços de guarda de fronteira da Ucrânia disseram que o exército assumiu o controle de Vovchansk – uma cidade a apenas 3 km da Rússia, tomada no primeiro dia da guerra.

Retomada

Em poucos dias, as forças militares ucranianas retomaram quase toda a região de Kharkiv que as forças russas ocuparam desde o início da guerra. A rapidez do recuo parece ter surpreendido as tropas e comandantes militares russos, disse autoridades ocidentais. A Rússia reconheceu que retirou tropas de áreas na região nordeste de Kharkiv nos últimos dias.

Segundo avaliaram autoridades americanas sob condição de anonimato ao Washington Post, a contraofensiva ucraniana pode marcar um ponto de virada na guerra e aumentar a pressão sobre Moscou para convocar forças adicionais se espera impedir novos avanços ucranianos, embora a Rússia negue a intenção de fazê-lo.

As forças ucranianas parecem estar avançando com cuidado e consolidando seus ganhos, disse outro oficial, observando que as forças russas parecem ter reconhecido que não tinham armas e mão de obra para manter cidades e vilarejos recém-libertados no nordeste do país. Algumas forças russas abandonaram tanques, veículos blindados e munições enquanto fugiam.

Mas apesar dos recentes ganhos ucranianos, os aliados americanos de Kiev tomam o cuidado de não declarar uma vitória prematura, já que o presidente russo, Vladimir Putin, ainda tem tropas e recursos para explorar, como o uso de armas químicas ou nucleares táticas. Apesar de todas as suas deficiências militares, os russos ainda têm a capacidade de se reagrupar e revidar com força, alertaram algumas autoridades.

Cobrança

Enquanto avança sobre territórios antes ocupados por russos, Kiev pressiona o Ocidente a entregar mais rapidamente as armas pesadas que foram prometidas, especialmente a Alemanha, a maior economia da Europa, que se encontra em uma posição delicada ao depender fortemente do gás russo para aquecimento durante o inverno.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, lembrou a Berlim que as armas ocidentais são cruciais para o sucesso militar de seu país e instou os líderes alemães a acelerar o carregamento de tanques de batalha alemães. “Para melhor proteger e equipar nossos soldados, a Ucrânia precisa urgentemente de mais entregas de armas agora”, disse Klitschko ao tabloide alemão Bild, fazendo referência específica aos tanques Leopard da Alemanha.

“Meu pedido ao governo alemão é: entregue o que puder para expulsar os soldados russos de nosso país rapidamente”, disse ele.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro, o chanceler alemão Olaf Scholz surpreendeu o mundo e seu próprio país ao anunciar um plano de 100 bilhões de euros (R$ 517 bilhões) para rearmar a Alemanha e enviar armas para a Ucrânia, acabando com um tabu de décadas contra o fornecimento de armas a países estrangeiros.

Seis meses depois, porém, muitas armas que a Alemanha prometeu a Kiev ainda não chegaram. Scholz não explicou totalmente os atrasos e não divulgou sobre as armas alemãs que foram entregues.

Nesta terça-feira (13), o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse que a Alemanha está enviando “sinais decepcionantes” em resposta a pedidos urgentes de mais ajuda militar, incluindo tanques Leopard. “Nem um único argumento racional sobre por que essas armas não podem ser fornecidas”, escreveu no Twitter.

Por Redação

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