Audiência nos Estados Unidos reúne executivos das plataformas Meta, Snap, TikTok, Discord e X

Os presidentes de Meta, X, TikTok, Snap e Discord enfrentaram questões duras sobre seus esforços para combater a exploração sexual infantil online em uma audiência no Senado dos Estados Unidos nessa quarta-feira.

Por um lado, as redes sociais têm sustentado que seus produtos são seguros e que empoderam pais e crianças a decidirem por si como usá-las de forma responsável. Por outro lado, defensores da segurança online dizem que essa resposta é insuficiente. Eles se baseiam na crescente preocupação não só com o efeito nocivo das redes sobre usuários jovens, mas com a forma com elas podem levá-los à depressão ou até mesmo ao suicídio.

O senador Dick Durbin, presidente democrata do Comitê Judiciário dos EUA, citou estatísticas do grupo sem fins lucrativos Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas que mostraram que a “sextorsão” financeira, na qual um predador engana um menor para que envie fotos e vídeos explícitos, disparou no ano passado.

“Este crescimento perturbador da exploração sexual infantil é impulsionado por uma coisa: mudanças na tecnologia”, disse Durbin durante a audiência. Na sala de audiência, dezenas de pais aguardavam a entrada dos CEOs, segurando fotos dos filhos.

Pressão sob a Meta

Em meio a uma discussão, o senador republicano Josh Hawley perguntou se Zuckerberg demitiu alguém da sua empresa.

“37% das adolescentes entre 13 e 15 anos foram expostas a nudez indesejada em uma semana no Instagram. Você sabia disso. Quem você demitiu?”, perguntou.

“Senador, é por isso que estamos construindo todas essas ferramentas…”, iniciou Mark, sendo interrompido pelo político. “Quem você demitiu?” Após Zuckerberg se recusar a responder por achar a abordagem inapropriada, o senador disparou:

“Porque você não demitiu ninguém, certo? Você não tomou nenhuma ação significativa. Você sabe que está sentado atrás de você? Há famílias de todo o país cujos filhos foram gravemente feridos ou morreram. E você não acha apropriado falar das ações que você tomou? Do fato de você não ter demitido uma única pessoa?”, indagou.

Em seguida, Hawley perguntou se ele indenizou meninas adolescentes que viram nudez indesejada no Instagram. Zuckerberg respondeu que não.

O senador, então, pediu para que Zuckerberg se levantasse e falasse com as famílias que seguravam imagens de seus filhos que, segundo elas, foram prejudicados pelas redes sociais.

“Você gostaria agora de pedir desculpas às vítimas que foram prejudicadas pelo seu produto?”, perguntou Hawley, mencionando que a audiência estava sendo transmitida ao vivo pela televisão.
Após ser pressionado, Zuckerberg levantou, se virou e se dirigiu às famílias.

Pedido de desculpas

O CEO da Meta pediu desculpas às famílias que perderam jovens por conta das redes sociais. “Lamento por tudo pelo que todos vocês passaram”, disse ele. “Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram e é por isso que investimos tanto e vamos continuar fazendo esforços em toda a indústria para garantir que ninguém tenha que passar pelas coisas que suas famílias tiveram que sofrer.”

Evan Spiegel, CEO do Snap, também pediu desculpas às famílias cujos filhos morreram após comprarem drogas por meio do Snapchat. “Lamento muito que não tenhamos conseguido prevenir essas tragédias”, disse Spiegel, antes de detalhar alguns dos esforços que a empresa faz para proteger os jovens usuários.

TikTok e China

O CEO do TikTok, Shou Chew, foi questionado várias vezes sobre a conexão da empresa com a China, por meio de sua empresa-mãe, ByteDance, e o nível de acesso e influência que a plataforma concede ao governo chinês. O Projeto Texas (que ainda enfrenta desafios) também foi citado algumas vezes.

Chew disse ao senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, que foi “coincidência” ele ser nomeado CEO da plataforma um dia após o fundo de investimento em internet da China do Partido Comunista Chinês comprar uma participação de 1% na principal subsidiária chinesa da ByteDance, obtendo um assento no conselho da subsidiária.

Big techs na mira

A audiência desta quarta demonstrou, novamente, a amplitude das críticas às empresas de mídia social entre os legisladores, um raro tópico bipartidário – isto é, no qual democratas e republicanos concordam – no Capitólio. Apesar do apetite de ambos os partidos para atacar as plataformas, o Congresso ainda não aprovou legislação significativa para regular as empresas em questão. A maior parte da ação ocorreu nas legislaturas estaduais e nos tribunais, que se tornaram campos de batalha para novas políticas, incluindo idades mínimas para acesso às redes sociais.

Por Redação

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