Após perder o pai rapaz emagrece 112kg sem cirurgia
Um brasileiro de 34 anos emagreceu 112 quilos sem cirurgia após a morte prematura do pai por AVC – acidente vascular cerebral – hemorrágico aos 57 anos. A perda virou estímulo e o jovem começou a pensar nele e na mãe.
O professor de inglês Gustavo Henrique Pinto Victor, de São Paulo, temia as mesmas consequências, já que era obeso mórbido e pesava mais de 200 quilos.
Gustavo não conseguia entender por que seu pai, magro e referência na família sobre vida saudável, havia partido tão cedo e tão inesperadamente.
“Então eu pensei: se eu não me cuidar, o próximo da fila sou eu. E não posso deixar minha mãe sozinha”, relata.
Como emagreceu
Ele perdeu 112 quilos em pouco mais de três anos – sem cirurgia e sem uso de medicamentos.
O feito fez com que Gustavo ganhasse uma grande leva de seguidores no Instagram: hoje ele tem 172 mil seguidores que o acompanham diariamente nas postagens e dicas de emagrecimento saudável.
“Tem gente que me conta que perdeu 50 quilos depois de me conhecer. É muito gratificante
receber esse tipo de feedback”, diz.
Marketing
O incentivo virtual, inclusive, rendeu frutos ao professor, que passou a ser procurado por grandes marcas esportivas por ser um influenciador digital.
Atualmente Gustavo mantém um contrato com a Adidas, que pretende divulgar o programa de corrida da marca.
Para dar conta do recado, ele está sendo preparado para correr a Maratona da Disney, em 2019.
Ao todo, são quatro dias de prova: cinco quilômetros no primeiro dia, dez no segundo, 21 km no terceiro e 42 km no último dia.
Cirurgia reparadora
Gustavo ainda tem o excesso de pele na barriga e no interior das coxas, resultado da sua perda de peso.
Ele vai operar em junho, mas por questões práticas e não estéticas, diz.
“Eu devo ter uns cinco quilos de excesso de pele. Para quem corre, esse peso faz diferença.
Como vou correr a maratona, preciso me preparar.
Mas digo para todo mundo: meu excesso de pele é meu troféu. É ela que mostra o resultado de todo o meu esforço. Essa pele é parte da minha história.”
A obesidade
Gustavo conta que desde a infância foi uma criança acima do peso, mas nunca ninguém da família se preocupou com isso.
Aos 10 anos de idade, pesava 55 quilos e ouviu da professora que era um absurdo ele ter o mesmo peso que ela.
Abalado com o primeiro “choque de realidade”, Gustavo contou o que aconteceu para a mãe, que o levou em um médico. “Cheguei a fazer dietas, mas nunca consegui emagrecer de verdade.”
Por volta dos 18 anos, um segundo trauma o fez ganhar mais peso.
A família toda foi sequestrada e levada para um cativeiro. Gustavo, por ser o mais jovem, era sempre o alvo das ameaças. Todos saíram ilesos, mas o jovem não conseguiu se recuperar do susto.
Mudou-se para Londres, onde foi aperfeiçoar o inglês durante seis meses, e por lá engordou mais de dez quilos, alcançando cerca de 150 quilos.
“Eu nunca tinha andado de avião. Quando entrei e vi as poltronas me assustei. Eu não caberia ali. Fiquei super constrangido com os passageiros ao lado, tive que pedir o extensor do cinto de segurança e viajei com o braço da cadeira erguido. Nunca me esqueço desse dia”, conta.
Sexualidade
De volta ao Brasil, Gustavo teve de lidar com outro fator que o angustiava: ele havia se descoberto homossexual, mas não podia contar isso para ninguém, tinha medo da reação dos pais e dos amigos.
Por vários anos se escondeu e travou uma luta interna contra ele mesmo. Chegou até a namorar meninas para tentar “se enquadrar na sociedade”.
De novo, a ansiedade e o medo o fizeram buscar conforto e paz na comida.
“Comer era a minha válvula de escape. Bolacha recheada, muito pão, massas, refrigerantes. Comia muito e de forma desregrada.”
A mudança
Depois de passar por uma série de constrangimentos, entre eles quebrar uma cadeira numa festa de casamento, Gustavo viu a balança chegar aos 197 quilos.
A morte do pai e a vergonha fizeram com que o professor procurasse um cirurgião para tentar reduzir o tamanho do estômago.
Mais uma vez ouviu algo desagradável: “Você está tão gordo que não dá nem para operar. Vai precisar perder pelo menos 15 quilos e depois conversamos”, disse o médico.
O professor então procurou uma médica que lhe receitou remédios para emagrecer. Ele perdeu 20 quilos em um mês, mas se tornou uma pessoa extremamente irritada, impaciente, com mau hálito e com frequente mau humor.
“Percebi que o remédio não fazia bem para o meu organismo. Eu precisava perder peso de outra forma”, diz.
Alimentação
Foi aí que Gustavo buscou ajuda com uma nutricionista especializada em pessoas obesas e um personal trainer para orientá-lo nas atividades físicas.
Tudo devagar, um dia após o outro. Não cortou toda a comida de uma vez – foi adaptando seu cardápio inserindo frutas, legumes e verduras e reduzindo o consumo de carboidratos e refrigerantes.
Na atividade física, começou caminhando e disse ao seu personal que tinha como meta correr.
E foi treinando aos poucos, até conseguir correr seus primeiros cinco quilômetros.
Também entrou numa academia para ganhar massa muscular e reduzir a flacidez.
Foi nessa época que decidiu criar uma página no Instagram sobre isso – os amigos estavam reclamando que sua rede social estava ficando muito chata.
“Comecei com poucos seguidores, mas em pouco tempo tinha 3 mil. Depois 10 mil, 30 mil. Hoje são 172 mil. Fico muito feliz por conseguir motivar as pessoas a terem uma vida mais saudável.”
Com informações da Veja