Melo corta R$ 316 milhões da Saúde
MANAUS – O governador Jose Melo (Pros) anunciou nesta sexta-feira, 20, que uma das principais medidas para “enfrentamento da crise econômica” será no setor da Saúde, com corte R$ 316 milhões no orçamento da pasta. O governo chamou de reordenamento da rede de saúde, o que inclui mudança de nomenclaturas de SPAs (Serviços de Pronto Atendimento), Policlínicas, Caics (Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente), e Caimis (Centros de Atenção Integral à Melhor Idade), incorporação de unidades a outras, fechamento de unidades e transferência serviços de atendimento básico para a Prefeitura de Manaus.
Na versão do governo, as mudanças, fruto de um estudo realizado pela Susam (Secretaria de Estado de Saúde) vão trazer melhoria para o atendimento da rede hospitalar do Estado. Olhando com mais atenção, é possível perceber que haverá supressão de serviços ofertados à população de todas as zonas da cidade.
Zona norte
Na zona norte, por exemplo, os três Caics serão fechados. O Caic Dr. Mouta Tapajós será incorporado à Maternidade Azilda Marreiro, que atualmente funciona em um prédio ao lado. No local do Caic será instalado um albergue para atendimento de mães vindas do interior do Estado acompanhando seus filhos nas UTIs neonatais.
O Caic Dr. Paulo Xerez será fechado e seus equipamentos remanejados para unidades de saúde do Distrito Norte. E o Caic Gilson Moreira será convertido em Unidade Básica de Saúde, e a gestão será transferida para a Prefeitura de Manaus.
Na mesma zona, o Caimi André Araújo será incorporado à estrutura do Hospital Francisca Mendes, e deixará de atender exclusivamente os idosos.
A Maternidade Nazira Daou também será fechada. A unidade passará a integrar o Hospital Francisca Mendes e o atendimento de maternidade passará para a Maternidade Azilda Marreiro.
O SPA Eliameme Rodrigues Mady e a UPA Campos Sales passam a ser unidades básicas de saúde, com horário estendido de 7h às 22h. E a Policlínica João dos Santos Braga terá as atividades suspensas e seus equipamentos serão remanejados a outras unidades da zona norte.
Zona sul
Na zona sul de Manaus as principais mudanças são o fechamento da Policlínica Cardoso Fontes, especializada no tratamento de tuberculose, e também o fechamento da Policlínica Gilberto Mestrinho, na Avenida Getulio Vargas. Os serviços dessas unidades serão “absolvidos pelas outras duas policlínicas do Distrito” segundo a Susam.
Outros dois Caics – Afrânio Soares e Alexandre Motoril – serão desativados e a demanda direcionada para UBSs da área. Os equipamentos serão remanejados para outras unidades da zona sul. O Caimi Paulo César de Araújo Lima também será desativado e a estrutura será usada pelo SPA da zona sul.
Zona leste
Na zona leste, os três Caics deixarão de existir. Apenas o Caic Dr. José Clemente será convertido em unidade básica de saúde para atender todas as faixas etárias. O Caic Corina Batista será incorporado à estrutura da Maternidade Ana Braga e o Caic Dr. Edson Melo terá as atividades suspensas e os equipamentos remanejados. O governo lembra que em frente ao Caic Edson Melo funciona uma UBS da Prefeitura de Manaus.
Zona oeste
Na zona oeste, dois SPAs serão transformados em UBSs. O SPA e Policlínica Dr. José de Jesus Lins de Albuquerque passará a ser uma UBS ampliada com funcionamento de 7h ás 22h, assim como o SPA Juventina Dias. Ambas as unidades deixam de fazer atendimento de urgência e emergência.
O Caimi Ada Rodrigues Viana deixa de atender apenas idosos e passa a receber os serviços que hoje são prestados na Policlínica José Lins. E os três Caics da zona oeste serão desativados. Apenas o Caic Rubim de Sá será convertido em Unidade Básica tradicional.
Prefeitura
O Secretário da Semsa (Secretaria Municipal de Saúde), Homero de Miranda Leão, afirmou que a decisão do governador foi unilateral, ou seja, sem consulta à Prefeitura de Manaus sobre as mudanças na área da saúde. “Eu ainda não tenho informações técnicas sobre o caso, as únicas explicações que tenho é com base no pronunciamento do Secretário Pedro Elias, hoje, na coletiva. Mas eu acredito que essa decisão será positiva para a nossa administração. Essas unidades que o estado está se propondo a funcionar por 24h, se aproxima muito dos atendimentos que temos que realizar enquanto prefeitura, que é referente aos atendimentos primários. Toda ajuda é bem vinda”, afirmou o secretário.
Segundo Homero, não há como prever um resultado imediato. “A aplicação dessa medida será em junho e acredito que em 90 dias começaremos a sentir tais reflexos da decisão”, complementou.
Relação com Arthur
Quando questionado se essa medida mudaria a relação com o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), supostamente enfraquecida, depois que o prefeito anunciou publicamente o atraso de sete meses no pagamento do subsídio das passagens de ônibus as empresas de transporte coletivo em Manaus, o governador respondeu: “Não. Há muita gente querendo me separar do Arthur, politicamente. De minha parte, eu tenho a humildade suficiente de dizer que estes cortes todos que estamos fazendo, eu tive a preocupação de reforçar a atenção básica, já que ele tá vivendo momentos tão difíceis quanto ao meu, e não tem recurso nem estrutura suficiente para cuidar da atenção básica sozinho”, afirmou Melo.
Segundo o governador, um empréstimo de R$ 300 milhões feito ao Banco do Brasil deve melhorar a cidade. “Desse valor, R$ 100 milhões serão para Manaus, para taparmos os buracos e fazermos outras coisas que a cidade está precisando e não tem recurso”, explicou Melo.
A reportagem tentou contato com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, para se posicionar sobre os reflexos da mudança anunciada pelo governador na administração municipal, mas até o fechamento da matéria não conseguiu contato.
Além da saúde
Outros cortes foram anunciados pelo governo. A cultura foi a segunda que mais sofreu – serão R$ 36 milhões a menos no orçamento. Festivais como o Boi Bumbá de Parintins, Ciranda de Manacapuru, Festa do Guaraná em Maués e outras festividades relacionadas a identidade cabocla e demais manifestações culturais tiveram patrocínios reduzidos.
Além disso, a segurança pública, educação também fazem parte do anúncio do governo do estado que o mesmo caracterizou como “medidas para enfrentamento da crise econômica”.
Outras despesas que foram cortadas estão na lista abaixo e somam R$ 217 milhões:
Fonte: Amazonas Atual
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